Sexo antes do casamento


Quando eu era do mundo, ele ensinou para a minha geração uma lição que eu aprendi direitinho: “OloKo mano, tá maluco, não existe nada mais cafona e maior desperdício do que casar virgem e ter um único parceiro para a vida toda. De boa, velho, esses crentes viajam”. Essa era a mesma época em que eu ouvia rumores de que crentes tinham de passar de costas para a TV, pois aquele objeto retângulo era coisa do Demo. Ainda vivo à procura destes.
Bom, sabemos que a Bíblia nos instrui a respeito desse assunto (1Coríntios 7:1,2 Gálatas 5:19-21). É pecado fornicar, ou seja, dormir com alguém antes do casamento ainda que ambos sejam solteiros. Disso já sabemos, mas vamos pensar mais a fundo sobre a aplicabilidade dessa instrução de Deus para as nossas vidas.
Quando retorno ao passado para analisar a geração dos meus pais, descubro que os pais dos meus pais seguiam a mesma regra. Para eles, porém, não era a lei de Deus, mas uma regra moral, uma questão de honra de família: “Mulher direita não fica sentada com namorado no sofá sem a minha supervisão”.
Anos se passaram, eu nasci e, ainda criança, vi duas mulheres explodirem nos primeiros capítulos da novela Torre de Babel, já beirando o século XXI, porque o seu relacionamento homossexual foi veemente censurado e recusado pelos expectadores da época.
Hoje, todavia, assistimos a novelas que já são capazes de mostrar cenas heterossexuais e homossexuais bastante explícitas nas telinhas.
Veja, não estou aplicando juízo de valor para essas três situações, o que eu quero provar é mais simples: os costumes e a moral da sociedade muda com o passar do tempo e muda extremamente rápido. Isso não é necessariamente uma coisa ruim, pois graças a essas metamorfoses podemos nos livrar de cânceres culturais como o racismo e a xenofobia. Porém, temos de atentar a um entendimento muito importante aqui: Não podemos atribuir a nossa cultura à vontade de Deus: “Ah, eu respeito às leis e aos bons costumes da minha sociedade, sou uma pessoa moral, tenho certeza que Deus acha que eu sou certinho, pessoa do bem”. Isso não é verdade. A lei dos homens é a lei dos homens (que muda constantemente) e a lei de Deus é a lei de Deus (que não muda). Ou seja, se Deus diz que fornicação e adultério são errados, ou eu obedeço ou não obedeço. Agora não posso falar que eu sou servo de Deus ao mesmo tempo que negligencio esse assunto, alegando diarreia mental.
Bom, eu venho observando exemplos da sociedade em minha volta. Eu conheço um casal cristão que são as coisinhas mais fofas do mundo, um belo exemplo de padrão conservador, mas que em verdade não respeitaram essa lei e depois descobri que o relacionamento não durou. Conheço casais sem religião também, que respeitaram a monogamia, que se engajaram em um relacionamento íntimo antes do casamento, satisfizeram os prazeres da juventude juntos e à beça, mas que hoje ainda novos e casados não se relacionam mais. Conheço casados que vão à igreja toda semana, mas depois pratica adultério via facebook. Conheço aqueles que se divorciaram para experimentar novas relações, aqueles que se casaram de novo e hoje estão felizes, conheço homossexuais monogâmicos e poligâmicos. Conheço até solteiros que são felizes sendo solteiros na essência do significado. Enfim, conheço de tudo.
Mas quando penso em todos esses exemplos (exceto o pobre solteiro) percebo que há algo em comum: todas essas pessoas em algum momento de suas vidas experimentaram uma intimidade física com alguém que não deu certo. E foi então que eu fiquei pensando que toda aquela história de que apenas o sexo é suficiente para manter uma relação, de que é ele que segurara um relacionamento, que ele é a chave e o centro da relação a dois, de que gera compromisso, que por si só aproxima as pessoas, não pode ser verdade. Então se ele não é a variável suficiente para manter um relacionamento feliz, o que seria?
A base do compromisso, da relação e do prazer conjugal em todas as suas esferas está na palavra de Deus. Sabe, eu tenho medo de me casar. Não porque eu tenho medo de que meu casamento termine em divórcio, até porque hoje em dia aquela pelada de fim de semana não está mais dividida entre solteiros e casados e sim entre casados e divorciados. Eu tenho medo de me casar, porque eu sei que se o meu casamento não for edificado sobre a palavra, o amor e a misericórdia de Deus, então não valerá a pena. Será uma experiência que só irá me afastar das boas novas e do fruto do Espírito Santo. Antes, então, que eu permaneça solteira.
O casamento existe para a glória de Deus. No dia do casamento, existirão três pessoas naquele altar. É um compromisso entre um homem, uma mulher e Deus, no qual Deus é o centro, não o casamento, nem o sexo, muito menos a mulher. Acho tão engraçado como as mulheres insistem em se descabelar por conta das minuciosidades dos preparativos daquele dia.
Deus não existe para exaltar o casamento. O casamento existe para exaltar a Deus. Mas enquanto o casamento for rebaixado à simples vontade de dois cabeças de minhoca, essas vontades podem se modificar tão rápido quanto os costumes da nossa sociedade. E eu posso ser a crente que for, estaria fadada a mesma saturação.
Até que Deus seja valorizado como o centro do matrimônio, o salvador vivo que é exaltado através da relação a dois, até que enxerguemos que o casamento é uma ferramenta utilizada por Deus para a sua própria glória, enquanto o homem não enxergar que ele deve amar a sua esposa como Cristo amou a igreja e que a esposa deve apoiar e respeitar o marido não para serem felizes, mas para honrar um Deus vivo que os designou para serem seus filhos obedientes, até que isso não ocorra o casamento não será experimentado como uma revelação da glória de Deus, mas como um rival para Deus. Quando convidarmos o Deus vivo para o altar, não se preocupe, seremos felizes também, mas a felicidade será o meio e não o fim. O fim é Deus.
Engraçado, né? Como aquela regra ridícula do começo do texto de repente passou a fazer algum sentido.
Sabe, ontem eu tive um sonho. Sonhei de verdade, não como Martin Luther King. No meu sonho eu estava em uma festa em uma casa enorme cheia de gente e o meu namorado estava lá. Porém no meu sonho ele ainda não era o meu namorado, era apenas um conhecido e por isso, eu não tinha liberdade para abraçá-lo ou tocá-lo. No meu sonho, eu já o amava. Engraçado que à medida que eu tentava me aproximar para conversar e me declarar eu não conseguia, as pessoas interrompiam, mudavam de cômodo, chamavam nossa atenção, era uma bagunça. Mas com tantas pessoas naquela festa, ainda assim, eu não conseguia deixar de procurá-lo.
Até que em um determinado momento, a minha melhor amiga veio falar comigo e me disse que ele me amava também. Ah imagine a minha alegria! Pronto, é agora que eu vou lá falar com ele e beijá-lo, pensei. Mas as coisas pioraram, mais pessoas, mais interrupções, mais distrações sempre nos impediam de nos aproximar. Até que me vi presa em uma situação em que eu não tinha outra opção senão admirá-lo, não conseguia me mexer, nem me aproximar.
Você acha que a minha vontade de beijá-lo diminuiu? Pensei em desistir dele? Pelo o contrário, minha vontade só aumentava e aumentava como um foguete. Estava ansiosa para ficar a sós com ele, mas não era uma ansiedade frustrante como estamos acostumados a experimentar, era um júbilo inexplicável que transbordava no meu ser enquanto eu vivenciava a expectativa da espera. O meu namorado é lindo e vê-lo sem poder tocá-lo e saber que um dia ele seria meu já produzia uma alegria que me satisfazia. A consumação era a última etapa e não a primeira do prazer que eu sentia em tê-lo. É aquele friozinho na barriga quando dois jovens se gostam e sem perceber a presença um do outro estão na biblioteca procurando um livro e acabam escolhendo o mesmo livro e tocando as suas mãos. Conhecer a Deus e um ao outro é aquilo que Deus resguardou para nós no pré-matrimônio. Esse é o júbilo produzido pela expectativa da espera que Deus planejou para nós antes do casamento, mas que hoje eu não posso mais sentir, porque o mundo e os seus costumes tiraram isso de mim.

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